segunda-feira, 14 de abril de 2014

Hidrelétrica: Indígenas querem pré-estudo e eclusas

As obras da hidrelétrica de Marabá, que deve ser erguida a 4 km à montante da Ponte Rodoferroviária do Rio Tocantins, com custo inicial avaliado em R$ 12 bilhões, devem começar no mais tardar no primeiro semestre de 2015. Mas alguns impasses ainda entravam o projeto, cuja capacidade de produção é de 2.160 MW, tornando-se um aporte considerável para o Sistema Interligado Nacional.
Entre os entraves ao projeto está o caso da Reserva Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, onde o impacto será considerável, não apenas pelo tamanho da área a ser inundada, mas também pela importância dessa área para a cultura e subsistência das aldeias existentes na reserva.
Além disso, a área indígena já sofreu vários impactos, ao longo dos anos, como a Estrada de Ferro Carajás, Rodovia BR-222, dois linhões da Eletronorte e uma linha de empresa de telefonia móvel. Trata-se da área indígena mais impactada do Brasil.
Pensando nisso, representantes das etnias Kyikatêjê e Parkatêjê, que vivem na reserva, devem enviar dentro de duas semanas uma carta de reivindicações à presidência da Eletronorte. Entre os principais pedidos está a obrigatoriedade de que o pré-estudo de impactos seja coordenado pelas lideranças indígenas.
A intenção é garantir mais isenção nas medidas compensatórias que serão repassadas às comunidades atingidas pelo projeto, como explica Ubirajara Sompré, uma das lideranças indígenas: “Esse pré-estudo é um estudo nosso, não tem nada a ver com os estudos oficiais. Nós é que vamos selecionar os profissionais que vão fazê-lo, para que se possa mesmo ter de fato um estudo eficiente”.
Mas os indígenas também estão de olho no desenvolvimento e, por isso – explica Sompré –, na carta de reivindicações eles cobram a construção da hidrelétrica com eclusas: “Não tem como fazer uma barragem sem eclusa, porque o rio não vai ficar navegável, por isso estamos lutando também para que tenha eclusa na hidrelétrica de Marabá”.
A construção da hidrelétrica vai alagar áreas de 12 municípios dos Estados do Pará, Maranhão e Tocantins. De acordo com a Eletronorte, pouco mais de duas mil famílias serão atingidas nas áreas urbana e rural. Mas o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) calcula que pelo menos 10 mil famílias serão tiradas compulsoriamente dos seus lares.

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