Ana
e Dario perderam a filha na tragédia, mas decidiram ser pais de novo. Parentes
das vítimas do voo JJ3054 contam histórias de superação.
Um encontro dos integrantes da
Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ3054 (Afavitam) -
tragédia que completa cinco anos nesta terça-feira (17) - é também a reunião de
uma grande família, com muitos abraços e sorrisos. O grupo que se uniu por
conta da dor permanece junto pela amizade, na esperança e na luta por melhorias
no sistema aéreo brasileiro. Assim, é impossível não falar de superação
pessoal. Todos enfrentaram momentos de desalento e extremo sofrimento,
especialmente nos primeiros meses após o trágico acidente com a aeronave que
saiu de Porto Alegre e
explodiu no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, mas buscaram forças para
seguir em frente. Para eles, não há segredos para reencontrar a alegria de
viver. Não são propriamente histórias com final feliz, porque nada será
esquecido ou encerrado, mas são lições de recomeço.
O casal de professores universitários
Dario e Ana Sílvia Scott, de São Leopoldo, perdeu a única filha na tragédia,
Thaís, que tinha 14 anos. Na ocasião, cada um enfrentou a dor a seu modo: ela
mergulhando no trabalho, ele encabeçando os primeiros movimentos da Afavitam,
da qual se tornou presidente. Em 2009, eles finalmente conseguiram realizar uma
cerimônia para cremar o corpo da menina. "Foi como fechar um ciclo",
diz Ana Sílvia. A partir de então, ambos voltaram a pensar em aumentar a
família.
De fato, pouco
tempo se passou entre o momento simbólico e o nascimento dos gêmeos Tomas e
Anna, hoje com 1 ano e 10 meses. "Voltamos a ter um futuro", conta
Ana Sílvia, que aos 53 anos passou por um processo de fertilização. "Se na
época do acidente alguém dissesse que em 5 anos a minha vida estaria como está
hoje, eu não acreditaria. Eu não tinha perspectiva nenhuma", recorda.
Dario, 48, lembra
emocionado que Thaís sempre pedia irmãos. "Ela dizia que queria ser 'tia',
mas nunca esteve nos nossos planos. Tudo mudou depois da tragédia", lembra
ele. "Filhos são como um banco de amor, no qual você vai depositando todo
seu sentimento. Quando lhe tiram isso, o mundo desaba. Estamos tendo uma nova
chance, fomos abençoados." Agora, entre os quadros espalhados pela casa
dos Scott, as fotos de Thaís se misturam às dos pequenos, para que eles
conheçam a história da irmã mais velha. "O que vivemos com a nossa filha
foi maravilhoso e nunca será esquecido, mas não a teremos de volta. Foi preciso
se desprender daquela vida e começar a construir novas memórias", avalia
Ana Sílvia.(G1)
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