A
proposta a ser apresentada pelo governo aos moradores do Quilombo Rio dos
Macacos, inclui a redução da área considerada pela Marinha do Brasil como de
sua propriedade. O governo já vinha trabalhando na proposta alternativa, antes
da ocupação da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) em Salvador feita ontem (26) pelos quilombolas.
De acordo com o assessor especial do Ministério da Defesa, José
Genoino, a intenção do governo já era apresentar na próxima semana a proposta
aos moradores, em vez de executar a reintegração de posse da área. "Nesta
proposta, a Marinha cede uma parte do que tem hoje para fixar esses
moradores", disse o assessor.Os moradores ocuparam ontem, por quase dez horas, a sede do Incra
na capital baiana. Eles só saíram do prédio, após um compromisso do governo de
não efetuar a reintegração de posse marcada para o dia 1º de agosto.
Na proposta do governo, os moradores irão receber um terreno
maior, localizado a 500 metros da área onde estão instalados atualmente. Com a
concessão de parte do terreno da Marinha, haverá a abertura de uma entrada
independente para os moradores, que não terão mais de passar pelo controle dos
militares, como ocorre hoje.
Genoino informou que o governo pode se comprometer a construir
casas para os quilombolas seguindo as orientações deles. A proposta foi
elaborada por vários órgãos do governo. "Nós fizemos uma reunião e a
Marinha fez uma proposta alternativa que eu considero boa, porque amplia a área
para os moradores do Rio dos Macacos, diminuindo a parte da Marinha. Eles terão
entrada autônoma. Suas casas seriam construídas de acordo com a localização e
as exigências dos moradores. Eles passarão a ter circulação livre fora da área
da Marinha", detalhou.
Desde 2010, membros da comunidade e da Marinha disputam na Justiça
a área conhecida como Barragem dos Macacos. Em novembro do mesmo ano, o juiz
Evandro Reimão dos Reis ordenou o despejo das 34 famílias que ocupam o terreno
no prazo de 120 dias, de acordo com informações da Defensoria Pública da União.
A Justiça Federal vem adiando o cumprimento da sentença. A
primeira prorrogação foi concedida para que as entidades que acompanhavam o
conflito encontrassem um terreno para abrigar os moradores, caso o despejo
fosse de fato levado adiante.
Em outubro de 2011, a Fundação Palmares reconheceu os moradores da
região como quilombolas por meio da Portaria de Certificação 165/11. No
entanto, essa portaria não tratou da posse do terreno. Vários acordos de
adiamento da reintegração de posse foram firmados, o último deles com prazo de
cinco meses para que o relatório técnico elaborado pelo Incra fosse finalizado.
O prazo vence no dia 31 de julho e, por isso, os moradores temiam a
reintegração no dia 1º de agosto.(agencia Brasil)
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