A Corte Interamericana de Direitos
Humanos, vinculada à OEA (Organização dos Estados Americanos), pediu
explicações ao Brasil sobre a demora na localização e identificação de restos
mortais dos participantes da Guerrilha do Araguaia. O governo tem até 31 de
agosto para responder à interpelação, explicando os motivos pelos quais as
expedições de busca na região do conflito, no sul do Pará, ainda não produziram
resultados. Em 2010, ao julgar ação movida por familiares de
desaparecidos, a corte havia determinado que o Brasil localizasse e
apresentasse os restos mortais. Em abril deste ano, os mesmos familiares,
representados pela ONG (organização não-governamental) Centro pela Justiça e o
Direito Internacional, voltaram à corte, dessa vez para manifestar insatisfação
com os resultados das buscas.
Em um documento de 120 páginas, eles acusam o governo de trabalhar sem métodos científicos, desperdiçando recursos públicos. Seria mais eficiente e econômico, argumentam, se as Forças Armadas abrissem seus arquivos secretos e revelassem quais os lugares onde foram deixados os restos mortais guerrilheiros. A repressão ocorreu nos anos70. A
professora aposentada Vitória Grabois, filha do guerrilheiro Maurício Grabois,
desaparecido desde 1973, critica o mau uso dos recursos. — É muito
dinheiro, se você considerar que as expedições andam de um lado para outro sem
orientação, sem metodologia científica. Se continuar dessa maneira, é melhor
usar o dinheiro para a construção de escolas e hospitais.
Signatária do
documento, ela diz que boa parte dos familiares se afastou das buscas oficiais. — Já estive duas vezes na
região. Agora me recuso a participar de expedições que se destinam apenas a
demonstrar a boa vontade do governo. Isso não basta. O governo deverá
enviar explicações à Corte Interamericana dentro do prazo previsto, segundo
Gilles Gomes, representante da Secretaria de Direitos Humanos no Grupo de
Trabalho Araguaia, criado especialmente para realizar as buscas. De São
Geraldo do Araguaia, no Pará, onde se encontrava na semana passada em mais uma
expedição, ele disse por telefone que serão detalhados os trabalhos já
executados, as dificuldades na localização e a identificação de corpos
desaparecidos há quase 40 anos, além dos avanços obtidos. Gomes também rebateu
as críticas dos familiares. —
Os documentos oficiais são importantes, mas não se pode exagerar. Há um certo
fetichismo em torno deles. Eles podem ter pistas, mas não resolvem todos os
problemas. Não está descartada a hipótese de já terem sido realizadas operações
de limpeza na região. Essas operações, segundo Gomes, teriam consistido
na retirada e transferência dos restos mortais dos locais onde foram
originalmente depositados.(R7)
Em um documento de 120 páginas, eles acusam o governo de trabalhar sem métodos científicos, desperdiçando recursos públicos. Seria mais eficiente e econômico, argumentam, se as Forças Armadas abrissem seus arquivos secretos e revelassem quais os lugares onde foram deixados os restos mortais guerrilheiros. A repressão ocorreu nos anos
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